domingo, 3 de junho de 2012
quinta-feira, 15 de março de 2012
quarta-feira, 7 de março de 2012
segunda-feira, 5 de março de 2012
A Porta do Mundo
Orquestra de violeiros de Descalvado - A Porta do Mundo - de Peão Carreiro e Zé Paulo
domingo, 4 de março de 2012
Consagração
Caminheiro, aonde vai? Vou com a Comitiva Esperança fazer a
Travessia do Araguaia. Vou no Cavalo Zaino, ver a Velha Porteira. Do meu Arreio
de Prata ouço um Triste Berrante, e falo pro Ferreirinha como são valentes Os
Três Boiadeiros. Eles aprenderam com o Pai João, assim contou o Preto Velho. Na
bagagem levo a Viola Vermelha, a Marvada Pinga, e muita Saudade da Minha Terra.
Vai ser uma Empreitada Perigosa, na Boiada Cuiabana Levo o Boi Soberano, vai
ser a Última Viagem. Adeus, Morena, Adeus...
domingo, 26 de fevereiro de 2012
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Trajetória
Quando criança ganhei um cavaquinho. Queria muito aprender a
brincar com ele. Um dia esqueci ao relento, e choveu. Foi muito triste. Quando
jovem ganhei um violão, mas não tinha professor na cidade, e ele ficou
encostado. Em 2007, aos 35 anos, conheci um grupo que se reunia para aprender
com um violeiro os acordes mais simples. Ano passado contratei o violeiro pra
me ensinar a pontear. Faz um ano que comecei, e já ponteio mais de sessenta
músicas. E vivo feliz da vida, agarrado na minha viola!
O mesmo rio
Dia desses cheguei na beira do rio Mogi, e fiquei cismando:
-Esse rio que vejo nessa manhã, é o mesmo rio que contemplei ontem à tarde? A
voz do vento me disse que sim, pois é o mesmo Rio Mogi Guaçu que conheço desde
criancinha, quando ia pescar com o Vô João. Mas parece que um borbulhar me
falou, lá do seu jeito de falar murmurando, que as águas são outras, e que o
que passou já passou. Dei uma pitada no cachimbo, ajeitei a viola no peito e
ponteei sentido, tentando saber que rio era aquele...
Suspiro da viola
Já ouvi dizê de vários causo de viola que toca suzinha, e
dizem que é coisa do demo, ou de alma penada. Eu num querdito nessas coisa,
não... Pra mim, a viola suspira de sodade... Sodade dos tempo de peão de
boiadeiro, das comitiva, da vida na roça, dos desafios, do cheiro do mato, do
cantá dos pásso, dos estalo do fogão di lenha, do chiado da chaleira, do
borbuio das água do ribeirão, do suspiro das donzela... É muita sodade, meu
Deus, é muita sodade...
HISTÓRIA DE UMA VIOLA
Eu
fui árvore frondosa, na mata densa embrenhada, majestosa e bem copada. Um dia
senti uma serra me separando da terra, me levando pra cidade. Lá conheci outra
vida, fui torneada, esculpida pra trazer felicidade. Ganhei curvas de menina,
um braço e cintura fina, e cordas bem afinadas. Ficou muita cicatriz, por baixo
desse verniz, e eu fiquei bem acabada. Virei viola caipira, a saudade me
inspira, e penso com emoçao: que serra tirou o caipira, que agora me dedilha,
da raiz do seu sertão?
Feitiço do ponteio
Estava
o caipira ponteando sua violinha talhada em madeira de lei, tosca, rústica, mas
de uma sonoridade profunda, hipnotizante, que fazia sentir o cheiro da mata
onde ela cresceu. E estava tão mergulhado na melodia envolvente, que nem se deu
conta que a lua parara para ouvir a seresta. E também o vento se sentou nas
folhagens, os grilos, os sapos, e demais bichos caboclos calaram seus alaridos
noturnos, e até os corações pararam. E após o refrão, tudo recomeçou no ritmo
da batida daquela viola.
Viola Almada
Diz
que aquela viola, que andava no braço do poeta, era uma viola amada, que em
noites de seresta sorria faceira seu riso solado, duetando chorada sua voz de
madeira. Andou por todo sertão, nas noites de festa fêz serão, nas janelas das
moças levou emoção, no lombo do baio, na mão do peão. Mas diz que o tempo
apressado, deixou seu braço empenado, levou o cantadô. E de noite ela se
insinua, toca sozinha, serena, magoada, pois que de tão amada, ficou com a alma
do violeiro, virou uma viola almada.
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